Primeiro conjunto de contos publicados por Dino Buzzati, em 1942 (dois anos depois de O Deserto dos Tártaros), Os sete mensageiros desde logo obteve um grande sucesso de público e de crítica. Iniciava-se deste modo a afortunada série de volumes de contos que constituem uma das facetas de maior relevo da produção narrativa do escritor. Composto por dezanove contos, Os sete Mensageiros contém todos os elementos típicos da complexa poética buzzatiana: a sua visão labiríntica do mundo, a percepção constante do Bem e do Mal, a atenção dedicada às relações secretas entre as coisas. Os protagonistas das suas histórias são pessoas normais que, confrontadas com o fantástico, deslizam de forma natural para dentro deste, encontrando-se face a face com o sentido da sua própria existência. No conto, A matança do dragão, encontramo-nos perante o cenário realista de uma caçada; só que a presa é bastante singular: um ser mitológico e milenar, último representante da sua espécie. Toda a descrição da luta assemelha-se mais à descrição de uma carnificina, em que homens fortemente armados com espingardas torturam o portentoso e indiferente animal, imprimindo ao conto uma atmosfera de culpa e consternação, como se os caçadores tivessem cometido um acto sacrílego, sentindo o peso de uma maldição. Em Elegância Militar, Buzzati exalta os valores heróicos, expressados não pela exterioridade das acções e gestos espectaculares, mas pelo seu efeito de transmutação interior. No conto, oficiais e soldados nos seus irrepreensíveis e refulgentes uniformes partem em manobras militares e, à medida que a marcha se transforma numa perigosa e interminável acção de guerra, perdem o seu aspecto de outrora, as suas belas divisas rasgam-se, os seus ornamentos perdem o brilho, e, no entanto, os soldados assumem uma beleza superior. Em Sete andares, famosa narrativa posteriormente adaptada ao teatro, o autor descreve um homem que entra numa clínica com a promessa de uma recuperação rápida e vai descendo de andar em andar até chegar aos pisos inferiores, onde se encontram internados os casos mais graves, interrogando-se sempre do seu real estado de saúde.
Je pensais que mon coeur échappé du naufrage
Há 15 anos
4 comentários:
Tens tempo para ler?
Muito culto o meu toni....
Desportista, professor e um bom leitor...bjs
Só falta dizer que quem ofereceu o livro fui eu!!!
Por trás de um grande homem, está sempre uma extraordinária mulher!!!!
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